martes, 8 de julio de 2014

FESTA DA REPÚBLICA GALEGA: “O 27 DE JUNHO REAFIRMA-NOS COMO POVO”

Publicado em Segunda, 16 Junho 2014 16:35

Diário Liberdade - O Diário Liberdade entrevistou a Comissom da Festa da República Galega, que vai decorrer no dia 28 de junho no concelho de Ordes. Umha nova ediçom de umha atividade pioneira na recuperaçom e popularizaçom de umha experiência histórica como a da proclamaçom da I República Galega naquele 27 de junho de 1931, há agora 83 anos, num contexto de luitas operárias e de reaçom nacional perante a marginaçom da Galiza por parte do Estado espanhol, que sob a forma da nascente II República dava continuidade às mesmas políticas desenvolvidas durante o regime da I Restauraçom bourbónica.

 Como surge a ideia de celebrar esta festa?
Um achádego nos arquivos municipais por parte do companheiro Carlos Calvo (hoje infelizmente preso, achamos que de maneira injusta) de um exemplar do jornal “El Pueblo Gallego”, no que aparecia um surpreendente titular (“Num grandioso comício revolucionário, é proclamado o estado galego”) empurrou-nos muito rapidamente a tomar a decisom de fazer algumha cousa, para divulgarmos aquilo que, incompreensivelmente, sendo um episódio especialmente combativo da história da Galiza, permanecera até aquele momento esquecido e silenciado. Houvo umha reuniom entre gente da zona, entidades culturais e gente interessada a título individual e, num primeiro momento, as associaçons culturais Lucerna, de Cerceda; Foucelhas, de Ordes e A Revoltaina, da Laracha decidem organizar umha Festa da República Galega, da que já vamos celebrar a quinta ediçom. Houvo outras associaçons que rejeitarom participar da iniciativa.
Em quê consiste a festa e qual é a sua finalidade?
É umha festa arredor de um feito que queremos recordar, relativamente recente, agochado pola história oficial que nos reafirma como o povo que nunca esqueceu a ideia de se libertar e ser dono de um futuro de seu.
A jornada inclui jogos, poesia, música, jantar em comunidade...isto todo com intençom puramente lúdica e também reivindicativa. É também um espaço para dar a conheçer projectos diversos (centros sociais, cooperativas, etc.) que formam parte desde a prática da construçom da nossa soberanía (política economica, social, cultural) e polo tanto da construçom de umha futura República Galega. Serve como cenário pra conhecer-nos e para afortalar iniciativas. Por dizê-lo de umha maneira sintética e à vez poética:
É um dia de carinho à terra e aos indivíduos que a habitam respeitosos nos seus atos diários, e a quem usam a cabeça e as maos para lhe dar valor, e nunca tirar-lho.
Quê balanço fazedes da experiência acumulada até o de agora e quais som os vossos ojetivos para um futuro imediato?
O balanço tem que ser positivo, porque aos poucos participam mais pessoas e cresce um bocado mais sem perder a essência de ser umha festa popular, organizada desde a base. Os objetivos continuam a ser os assumidos num princípio, dar a conhecer esta data, dar-lhe a vissibilidade e a importáncia histórica que merece. Que se popularice e se extenda.
Esta festa deveria crescer ou deveriam surgir réplicas a nível comarcal/local? Quê seria o ideal?
Preferimos muita gente que lembre a data e a celebre, ainda que seja na sua casa, ou no seu bairro. É um dia para sacar a bandeira fachendos@s.
O que hoje nós disfrutamos na nossa pequena festa, que muita outra gente o disfrute, presentes nós ou nom.
Porquê devemos reivindicar a República Galega?
É a única forma de ser realmente partícipes de nosso própio destino; quem melhor do que nós pode saber o que nos convém! É inviável a nossa libertaçom como classe e a construçom de um futuro de justiça social sem sermos conscientes de que os nossos problemas como trabalhadoras e grande parte da incapacidade para fazer-lhes frente de jeito efetivo se deve à nossa dependência de Espanha e a um subjugamento a poderes externos.
É a reivindicaçom da República Galega umha ideia contraposta ou antagónica com a reivindicaçom da República Espanhola?
Desejamos-lhe viver em república a qualquer povo, nom é portanto umha reivindicaçom necessáriamente antagónica, sempre que obviamente haja um respeito cara os direitos nacionais do nosso povo, cousa que haveria que dizer que nom sempre acontece desde o republicanismo espanhol. Polo demais, se se agir inteligentemente, as luitas de emancipaçom nacional que se desenvolvem nalgumhas latitudes do Estado espanhol e a reivindicaçom republicana na Espanha podem ser fatores que operem combinadamente para ruptura com o regime atual: as classes operárias dos diferentes povos temos um inimigo comum.
A gente que assiste à festa, fica com algumha cousa da mensagem?
Achamos que sim, é por isso que volta e traz a nov@s amig@s consigo. Já nom som bechos raros quem reivindicam a república para Galiza, somos gente do comum, que no seu dia a dia estranha-a; fartos de descobrir umha e outra vez que a nossa história está cheia de tamanha farta de mentiras que já nom estamos dispostos a acreditar mais nada, que na "república que está o porvir" e que imos viver.
Quê deveríamos aprender do acontecido o 27 de Junho de 1931?
Pois de aí deveriamos recolher o exemplo de umha classe operária galega que pola primeira vez assome numha reivindicaçom laboral o papel de subjeito autónomo sem a mediaçom de dirigências nem siglas espanholas. Isto, sem haver sindicalismo nacionalista! Já quigéramos muitas vezes que houvesse essa iniciativa a dia de hoje, de romper com dinámicas marcadas desde Madrid! Polo demais, tendo em conta que a proclamaçom da República Galega surge como resposta a umha situaçom de marginalizaçom sócio-económica da Galiza por parte da Espanha, isto deveria ajudar-nos a compreender que a independéncia é umha questom de justiça histórica, para além de que é necessária na estratégia para construir um outro sistema nom capitalista. É umha data muito importante para a nossa autoestima como povo, também é para romper com o tópico da Galiza submissa.
E por último, porquê temos que assistir o 28 de Junho à Festa da República Galega?
Para partilhar umha data relevante entre gente da mesma sensibilidade, para contruir um espaço de confraterniçacom, esperança, alegria e luita, e para passá-lo bem e beber e dançar, claro.







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