No
encerramento da universidade de verão do PSD, Passos Coelho voltou a atacar
violentamente o Tribunal Constitucional (TC) considerado que os chumbos deste
se devem à “interpretação que os juízes do TC fazem da Constituição” e, numa
extrema pressão sobre os juízes daquele órgão de soberania, exigiu-lhes “bom
senso”.
Também na
universidade de verão do PSD, o líder da JSD, Hugo Soares, acusou o Tribunal
Constitucional (TC) de ter “uma visão conservadora” da Constituição, mas,
contraditoriamente, desafiou o PS a se juntar ao PSD para rever a Constituição.
Na passada
sexta-feira, no Fórum Socialismo 2013, a coordenadora do Bloco de Esquerda
tinha acusado o primeiro-ministro de ter a Constituição como um “alvo a
abater”, para impor o seu objetivo de “precarização laboral e desvalorização
salarial”.
Também
João Semedo, coordenador do Bloco de Esquerda, acusara o governo e Passos
Coelho de quererem fazer crer que um segundo resgate “se tornou inevitável por
causa da Constituição e do TC” e frisara: “Não há Constituição, não há Tribunal
Constitucional, não há direitos dos trabalhadores que condenem o país a um
segundo resgate”. Semedo sublinhou então: “Que não haja qualquer dúvida de que
um segundo resgate é dose dupla de austeridade, de sacrifícios, de desemprego e
de que é obra de Passos Coelho e de Paulo Portas”.
Mas Passos
Coelho neste domingo não falou de um segundo resgate, apenas concentrou o seu
ataque no TC, acusando-o nomeadamente de “ter protegido mais os direitos
adquiridos do que as gerações do futuro”.
No ataque
descabelado ao TC, o primeiro-ministro afirmou: “Não é o Tribunal
Constitucional que governa e nós tentaremos encontrar soluções. Mas essas
soluções têm sempre um preço mais elevado.”
“Não é
preciso rever a Constituição para cumprir o programa de ajustamento e para
implementar estas medidas, é preciso é bom senso”, afirmou o primeiro-ministro.
Mentindo, Passos Coelho disse também que nenhum dos acórdãos do TC que chumbou
medidas do governo encontrou na Constituição “um óbice” e atribuiu os chumbos à
interpretação que os juízes fazem da Constitucional. “Não foi por causa da
Constituição, foi por causa da interpretação que os juízes do TC fazem da
Constituição”, disse.
Passos
Coelho também acusou, com grande dose de hipocrisia, a geração presente de
endossar os custos à geração futura, dizendo: “É duplamente injusto, a nova
geração não tem culpa do que se passou no passado”.
Passos
Coelho tentou ainda lançar os desempregados contra os funcionários públicos e a
Constituição, questionando: “Já alguém se lembrou de perguntar aos mais de 900
mil desempregados no país de que lhes valeu a Constituição até hoje”.
O
primeiro-ministro anunciou também a apresentação rapidamente de uma nova lei
para despedir funcionários públicos: “Sobre esta última medida de requalificação
no Estado, nós apresentaremos muito rapidamente uma alternativa, não será tão
boa como aquela que propusemos inicialmente, mas proporemos uma outra”, disse.
Também na
universidade de verão do PSD, o líder da JSD, Hugo Soares, afirmou: “Temos um
Tribunal Constitucional que é conservador na interpretação que faz da
Constituição, é um Tribunal Constitucional que não interpreta a Constituição
aos olhos daquilo que são também os direitos das novas gerações”.
Contraditoriamente
com esta acusação absurda e tornando claro o objetivo claro de ataque à lei
fundamental do país, Hugo Soares desafiou o líder do PS a “ter a coragem de se
sentar à mesa, com a suas diferenças, com as nossas diferenças, encontrarmos um
caminho seguro para fazermos uma revisão constitucional que acautele os
direitos da nova geração”.
ESQUERDA.NET
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